O porto de Sines tem todas as possibilidades de ser o primeiro porto de águas profundas, na fachada do Oceano Atlântico, a possuir uma ligação ferroviária em bitola europeia. Esta grande possibilidade resulta das opções que foram tomadas no país vizinho, Espanha.
A nova via que está em construção, na Galiza, desde Orense-Puebla de Sanábria-Valladolid é exclusiva de passageiros, mas tem sido considerada uma decisão precipitada. Por esta razão, os portos da Galiza só poderão estar ligados à Europa e sem transbordos num prazo mais longo. Outro porto importante de águas profundas é o de Algeciras, que só se vai ligar à nova rede quando estiver concluído o corredor ferroviário do Mediterrâneo, que ligará França-Barcelona-Valência até Algeciras. Este novo corredor só será construído através das verbas do futuro pacote financeiro 2014 a 2020, para as redes transeuropeias de transporte TEN-T.
Ao contrário, Sines pode beneficiar das verbas do actual pacote financeiro 2007-2013, que já tem reservado 800 milhões de Euros para o PP3 (projecto prioritário nº-3) que diz respeito à ligação Madrid-Lisboa e onde está incluído o novo troço Poceirão-Caia. Se esta obra avançar durante o ano de 2012, a sua conclusão poderia ocorrer em 2015, o que faria de Sines um porto ainda mais interessante, pois já teria ligação à Europa. Poderia, assim, antecipar-se por vários anos, relativamente a outros portos concorrentes.
O corredor PP3, Madrid-Badajoz-Lisboa, consistirá numa via dupla de bitola europeia, mista de mercadorias e passageiros, com sinalização ERTMS e electrificação de 25 mil volts e corrente alterna.
Uma das características principais desta nova linha é a capacidade de poderem circular comboios de mercadorias com 750 metros de comprimento. Esta nova opção vai permitir a redução nos custos do transporte na ordem dos 40%. A actual rede de bitola ibérica não permite a circulação destes comboios de mercadorias.
Nova via tem que ir até ao Poceirão
Os contentores são transportados por via marítima, ferrovia e rodovia. Estes três modos de transporte possuem uma rede. Cada uma destas redes é organizada por nós que, na ferrovia, são as plataformas logísticas ou as estações ferroviárias, no marítimo, são os portos. Os nós podem ser considerados como pontos onde é possível mudar de rede. Os três nós mais importantes a que a nova rede de bitola europeia vai ligar-se são os seguintes:
- Poceirão que é um nó de mercadorias porque naquele ponto se cruzam diferentes vias ferroviárias. É o local onde está prevista uma plataforma logística.
- Porto de Setúbal. É um porto multiusos que tem excelentes condições para importação e exportação de automóveis. A Auto-Europa tem uma ligação ferroviária para este porto de mar.
- Porto de Sines. É um porto de águas profundas que é cada vez mais um porto de baldeação ou transferência de contentores “transhipment”.
As condições necessárias para ligar estes três nós à nova rede de bitola europeia, de modo a permitir uma forte redução dos custos de transporte passará pela circulação de comboios de mercadorias com 750 metros de comprimento e por a via possibilitar o livre trânsito de todos os comboios de bitola europeia.
A única solução que poderá resolver estes graves constrangimentos passa por prolongar a via dupla desde Badajoz até ao Poceirão e, depois, através de uma via única, em bitola europeia, efectuar a ligação aos portos de Sines, Setúbal e à Auto-Europa.
Qualquer outra opção que já foi defendida por alguns responsáveis propondo só construir a nova via até Évora ou Vendas Novas, não poderia ser solução temporária pois nunca iria cumprir os requisitos necessários, anteriormente referidos.
Também a solução anunciada pelo actual Secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, que defendeu a construção de uma linha com uma via única de bitola europeia e outra via única de bitola ibérica não se justificaria, pela simples razão de já existir desde Évora-Estremoz-Badajoz uma via de bitola ibérica.
Por outro lado, não existe interesse em conectar mais directamente a região de Lisboa ao porto de Algeciras por Badajoz-Puertollano-Algeciras, pois este porto já é concorrente de Sines. Corre-se o risco de Algeciras vir a servir a região de Lisboa.
Para Portugal não ficar dependente de Espanha, só convém que as novas ligações internacionais sejam em bitola europeia para ter acesso ao resto da Europa.
Cimeira luso-espanhola em 2012 é decisiva
Em 2012, vai realizar-se uma Cimeira luso-espanhola onde vão ser tomadas importantes decisões. Uma delas será certamente sobre o projecto do troço Poceirão-Caia, que faz parte do PP3 e que servirá os dois países ibéricos. Se Portugal não cumprir aquilo que assumiu e assinou nos três anteriores Governos, perderá, para sempre e para outros países, as verbas do pacote financeiro 2007-2013, a que tem direito.
Sines, na próxima Cimeira luso-espanhola, vai ter uma oportunidade única para ser o primeiro porto de águas profundas da fachada atlântica com duas bitolas. A única forma de atingir tal objectivo passa por prolongar a via dupla desde Badajoz até ao Poceirão.
Fonte: Público
A nova via que está em construção, na Galiza, desde Orense-Puebla de Sanábria-Valladolid é exclusiva de passageiros, mas tem sido considerada uma decisão precipitada. Por esta razão, os portos da Galiza só poderão estar ligados à Europa e sem transbordos num prazo mais longo. Outro porto importante de águas profundas é o de Algeciras, que só se vai ligar à nova rede quando estiver concluído o corredor ferroviário do Mediterrâneo, que ligará França-Barcelona-Valência até Algeciras. Este novo corredor só será construído através das verbas do futuro pacote financeiro 2014 a 2020, para as redes transeuropeias de transporte TEN-T.
Ao contrário, Sines pode beneficiar das verbas do actual pacote financeiro 2007-2013, que já tem reservado 800 milhões de Euros para o PP3 (projecto prioritário nº-3) que diz respeito à ligação Madrid-Lisboa e onde está incluído o novo troço Poceirão-Caia. Se esta obra avançar durante o ano de 2012, a sua conclusão poderia ocorrer em 2015, o que faria de Sines um porto ainda mais interessante, pois já teria ligação à Europa. Poderia, assim, antecipar-se por vários anos, relativamente a outros portos concorrentes.
O corredor PP3, Madrid-Badajoz-Lisboa, consistirá numa via dupla de bitola europeia, mista de mercadorias e passageiros, com sinalização ERTMS e electrificação de 25 mil volts e corrente alterna.
Uma das características principais desta nova linha é a capacidade de poderem circular comboios de mercadorias com 750 metros de comprimento. Esta nova opção vai permitir a redução nos custos do transporte na ordem dos 40%. A actual rede de bitola ibérica não permite a circulação destes comboios de mercadorias.
Nova via tem que ir até ao Poceirão
Os contentores são transportados por via marítima, ferrovia e rodovia. Estes três modos de transporte possuem uma rede. Cada uma destas redes é organizada por nós que, na ferrovia, são as plataformas logísticas ou as estações ferroviárias, no marítimo, são os portos. Os nós podem ser considerados como pontos onde é possível mudar de rede. Os três nós mais importantes a que a nova rede de bitola europeia vai ligar-se são os seguintes:
- Poceirão que é um nó de mercadorias porque naquele ponto se cruzam diferentes vias ferroviárias. É o local onde está prevista uma plataforma logística.
- Porto de Setúbal. É um porto multiusos que tem excelentes condições para importação e exportação de automóveis. A Auto-Europa tem uma ligação ferroviária para este porto de mar.
- Porto de Sines. É um porto de águas profundas que é cada vez mais um porto de baldeação ou transferência de contentores “transhipment”.
As condições necessárias para ligar estes três nós à nova rede de bitola europeia, de modo a permitir uma forte redução dos custos de transporte passará pela circulação de comboios de mercadorias com 750 metros de comprimento e por a via possibilitar o livre trânsito de todos os comboios de bitola europeia.
A única solução que poderá resolver estes graves constrangimentos passa por prolongar a via dupla desde Badajoz até ao Poceirão e, depois, através de uma via única, em bitola europeia, efectuar a ligação aos portos de Sines, Setúbal e à Auto-Europa.
Qualquer outra opção que já foi defendida por alguns responsáveis propondo só construir a nova via até Évora ou Vendas Novas, não poderia ser solução temporária pois nunca iria cumprir os requisitos necessários, anteriormente referidos.
Também a solução anunciada pelo actual Secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, que defendeu a construção de uma linha com uma via única de bitola europeia e outra via única de bitola ibérica não se justificaria, pela simples razão de já existir desde Évora-Estremoz-Badajoz uma via de bitola ibérica.
Por outro lado, não existe interesse em conectar mais directamente a região de Lisboa ao porto de Algeciras por Badajoz-Puertollano-Algeciras, pois este porto já é concorrente de Sines. Corre-se o risco de Algeciras vir a servir a região de Lisboa.
Para Portugal não ficar dependente de Espanha, só convém que as novas ligações internacionais sejam em bitola europeia para ter acesso ao resto da Europa.
Cimeira luso-espanhola em 2012 é decisiva
Em 2012, vai realizar-se uma Cimeira luso-espanhola onde vão ser tomadas importantes decisões. Uma delas será certamente sobre o projecto do troço Poceirão-Caia, que faz parte do PP3 e que servirá os dois países ibéricos. Se Portugal não cumprir aquilo que assumiu e assinou nos três anteriores Governos, perderá, para sempre e para outros países, as verbas do pacote financeiro 2007-2013, a que tem direito.
Sines, na próxima Cimeira luso-espanhola, vai ter uma oportunidade única para ser o primeiro porto de águas profundas da fachada atlântica com duas bitolas. A única forma de atingir tal objectivo passa por prolongar a via dupla desde Badajoz até ao Poceirão.
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